quarta-feira, 9 de março de 2011

"Técnica X Estética"

"Dança Árabe é um espetáculo belíssimo para apreciar o encanto feminino, mas quanto trata-se de apresentações profissionais, devem ser observados dois fatores, que não passam despercebidos: estética e técnica."

Todas as mulheres que aprendem dança do ventre devem ter em mente que, uma vez iniciado o processo de aprendizado, não tem volta. Você parte para uma viagem
* de encontro com sua beleza, (você vai achar muitos aspectos)
* seu lado inexplorado no que diz respeito ao charme, sensualidade e sensibilidade magnetismo feminino,
* externalização do carisma (aí a dúvida ... o carisma nasce com a pessoa ou adquire-se ?)
* sua capacidade de assimilação, sincronia e instrospecção com a música
* criatividade, iniciativa e dinamismo em tudo que diga respeito a melhorar seus aspectos pessoais.
* e como atenuar seus pontos fracos em questão visual.
Pois bem, não vamos entrar no mérito da questão de cada um dos tópicos acima. Que eles vão mexer com você em algum ponto do aprendizado, não tenha a menor dúvida; como disse é uma viagem ao encontro do seu "eu" "obscuro" ou "adormecido".
O que é importante salientar no entanto, é uma condição para quem tem intenção de buscar a profissionalização, isto é, ser bailarina de dança do ventre.
No oriente, onde o padrão de beleza é completamente diferente do ocidental, a questão da estética feminina não é colocada em primeiro plano, vale dizer, que os povos árabes, persas e turcos tem um padrão de beleza completamente diferente dos latinos.


Os anos de experiência com dança dentro da Khan el Khalili (desde1982), nos shows que presenciamos, colocam na dianteira um ponto muito importante, que vale ser lembrado como primeira pauta daquelas que desejam seguir carreira nessa arte:
"No Brasil, para ter sucesso com dança do ventre, você precisa ter bem definido que para ser uma bailarina 100% é necessário verificar 2 aspectos básicos:
1) 50% de técnica e perfeição na qualidade dos movimentos. Além de todo conhecimento teórico que você adquire com os anos de estudo (eu disse anos...) é necessário que seu corpo obedeça e transmita o sentimento que a música está expressando. Cada marcação deve ser precisa e transmitir sentimento. Seu rosto deve dizer o que você está sentindo ao dançar. A harmonia entre percussão e movimento deve não só causar interesse, mas causar impacto positivo e criativo. Seus primeiros 60 segundos em cena não podem denotar o que vai ser toda a sua apresentação.
2) 50% de apresentação estética, isto é, você deve saber que "é bela", confiar que seu aspecto visual não está chocando o público, mas sim causando momentos de inesquecível deleite. Não tenha falsas ilusões: seu visual é o que fala forte neste momento. Aparecem então seus atributos mais fortes (cada mulher, deve conhecer bem os seus, e procurar explorá-los). Quando faço menção em explorar seus atributos, não quero dizer apresenta-los de forma grosseira e vulgar. Eles devem aparecer como se você fosse uma "ninfa do paraíso", não uma "leoa das selvas". Aí entra a questão do choque, do discernimento da vulgaridade e da beleza propriamente ditas.
Resumindo: você precisa ter 50% de cada e esta balança não deve pender para nenhum dos lados, correndo o risco dos comentários do tipo: "dança muito, mas visualmente não dá" ou ainda "só é bonitinha, mas não dança nada... qualquer uma faria melhor".
Para se apresentar para alguns amigos pode funcionar a princípio, pelo sabor da novidade, mas para o público, que procura dança do ventre para assistir a um espetáculo de arte, você deve usar algo chamado: bom senso.
É ele quem define se seus 100% estão em harmonia. É ele quem diz a sensação que você irá causar com sua apresentação. É ele quem dá o sinal verde ou vermelho para você dizer que é uma bailarina de dança do ventre ou não; se está em condições de aparecer em público e fazer algo para ficar na história da vida das pessoas ou criar uma expectativa frustrante e tediosa em seu público. Se seu bom senso falhar, você corre o risco dos comentários pejorativos. Não tenha dúvida ... o público fala mesmo... você não vai ser uma exceção.
Seja como for... ser bailarina profissional envolve um esforço e uma determinação diferenciadas. Sempre você está aprendendo, por mais que diga que já sabe; sempre precisa exercitar e tenha a certeza... não é "como andar de bicicleta". Parou de dançar .... para de se desenvolver, e regride.


Este não é um artigo para gerar controvérsias, para você discar 0900 e dizer que "sim" ou que "não", ou mesmo para dizer que "com você não funciona assim, é diferente". Trata-se de um depoimento de anos de experiência com dança e público, a uma distância de no máximo 4 metros, onde o "feeling" adquirido permite ler os lábios e até os pensamentos daqueles que estão apreciando uma bailarina. A opinião formada do público surge assim que você sai de cena:  "Que espetáculo !", "Mulher maravilhosa, tudo no lugar certo!" ou "Pensei que fosse mais,... ela é fraquinha!", "Precisa de uma dieta".
Como aparecer então? Eu sugeriria que "aos poucos". Primeiro dance para quem gosta de você e peça uma opinião sincera. Segundo faça o mesmo para alguns amigos e em terceiro procure dançar para quem entende (à sós, ... e prepare-se para ouvir com humildade - algo que se costuma perder depois de ouvir alguns aplausos). Só aí você terá uma avaliação se está trazendo a "magia das 1001 Noites" ou causando um "terremoto apocalíptico".
Fora isso, treinar na frente do espelho muitas, muitas e muitas vezes. Começar a balancear sua alimentação, primar pelo cuidado com suas roupas (uma lantejoula a menos num ponto estratégico, um fiozinho desfiado, uma bijuteria descolorida com o uso,... fazem diferença sim - lembre-se: bom senso), e um fator de muita importância: começar a praticar a habilidade de relacionar-se bem socialmente, no seu meio e com o seu público. Existe um ditado árabe que diz: "Aquele que fala mal dos outros na tua presença, falará mal de tí na tua ausência".
Curiosamente, nesta arte você adquire fãs com muita rapidez, e com a mesma facilidade, se não tiver bons princípios poderá perdê-los. Traços de caráter, fazem muita diferença numa bailarina de dança do ventre.
Foi-se o tempo de pensar que "o Brasil ainda é leigo em dança do ventre". Muita gente já sabe discernir uma boa apresentação e exige isso. Mas o que é mais importante.... todos, sem exceção, ficam "de olho nos 100%" acima.
Fonte: jorge Sabongi

Nenhum comentário:

Postar um comentário