domingo, 13 de março de 2011

Entrevista Ju Marconato
ju_marconato_ico.jpgA bailarina e professora Juliana Marconato, gentilmente nos concedeu uma entrevista onde nos fala de sua dedicação e paixão à Dança do Ventre. Confira!
1) Quando e por que você começou a praticar a Dança do Ventre?
Conheci a dança aos 12 anos com uma professora que havia morado em Chipre, no Egito, e trouxe a Dança do Ventre pra cidade onde eu nasci, Araraquara, interior de SP.
Minha mãe me contou esses dias um fato interessante que nem eu lembrava mais: com 12 anos, a primeira vez que vi a Dança do Ventre meu coração disparou, é como se existisse uma certeza dentro de mim que "era aquilo mesmo".  Quando cheguei em casa minha mãe relata que eu chorava e dizia apenas que era muito lindo, que não tinha explicação, parecia um reencontro.
Desde então nunca mais deixei a Dança do ventre. Não pretendo deixar a dança até meus 90, se eu chegar lá rs.
2) Fale-nos um pouco sobre a sua trajetória profissional na Dança do Ventre.
Naquela época não tínhamos muita informação como hoje em termos de dança. Hoje uma aluna aprende em 1 ano a técnica que levei 5 anos para desenvolver.  Tive dificuldade sim, tenho umas fitas antigas que parecem uma comédia, pois estava completamente descoordenada. Brincamos muito com isso hoje em dia.
Quando terminei o ensino médio,  inaugurei o Núcleo de Dança Juliana Marconato. Muito simples na época, mas muito aconchegante.  Entrei na Faculdade de Fisioterapia, mas com a certeza de que aquela formação seria para direcionar melhor minhas aulas de dança.  Foi maravilhoso, estudei anatomia, fisiologia,  cinesiologia e tudo de bom que a fisioterapia pode oferecer, aproveitei para aprimorar as aulas desenvolvendo um trabalho de reeducação postural. Deu certo.
Na mesma época que entrei na faculdade conheci Adriano (meu marido) que Graças a Deus amou a dança e foi a pessoa que mais me deu força e coragem para ir em frente.
Hoje em dia trabalhamos juntos, ele com a parte de contabilidade, administração e vendas e eu com a parte artística e com o ateliê de roupas para Dança do Ventre.
Estudei muito por vídeos na época, fiz aulas com Lulu Sabongi (que é realmente um exemplo de conhecimento e dedicação na dança). Dancei para a banca examinadora da Khan El Khalili em 2003 e Graças a Deus em 2004 já passei a fazer parte do elenco Harém da Casa de Chá. Levei muitas broncas e correções do Jorge, e aprendi muito nesses anos de Khan El Khalili. Meu trabalho nunca seria o mesmo sem a honra de fazer parte desse ambiente.
Hoje em dia recebo recados carinhosos de pessoas de todo país e do mundo parabenizando e elogiando o trabalho que desenvolvemos, isso é realmente um privilégio.


3) Como você acha que os brasileiros e brasileiras vêem a Dança do Ventre?

Ainda existem muitos mitos relacionados à Dança do Ventre, mas acredito que cada vez mais as pessoas entendem a conotação artística da dança.

Famílias reunidas pela dança, alegria, felicidade. Trabalho constantemente para desmistificar a idéia de Dança do Ventre como algo vulgar. Muito pelo contrário, é uma dança chiquérrima, que exalta toda beleza , feminilidade e doçura presentes em cada uma de nós.
Fico feliz em divulgar a dança com seriedade, retirando essa imagem distorcida da mente das pessoas. 


4) O que é a Dança do Ventre pra você?
Hoje posso afirmar sem exagero que a Dança do Ventre é minha vida, pois não me vejo mais sem ela. Trabalho das 8:00h as 22:00 todos os dias sem finais de semana, com a dança e pela dança. Quando não estou como bailarina, estou como professora, coreógrafa, ou como coordenadora desenhista dos modelos do ateliê, etc.  Resumindo eu respiro dança! E cada vez que olho nos olhos de uma aluna, sei que estou fazendo a coisa certa. Cada vez que nos emocionamos no final de cada aula, durante nossas mensagens, sei que vale a pena qualquer esforço. Cada vez que ouço uma história de alguém que ficou mais "segura", "bonita", "feliz" com a dança meu coração se enche de alegria e a vida toma um sentido mais profundo.
Aqui em Araraquara a Dança do Ventre tornou-se um estilo de vida, uma filosofia de vida. A auto- estima, o desenvolvimento e crescimento pessoal, o companheirismo, as reflexões, os aprendizados, as mudanças, as experiências,  cada segundo me faz respirar a dança.
Ser professora me ensinou a respeitar o tempo do outro, a respeitar o espaço do outro. Fez-me adquirir firmeza, mas com doçura. Fez-me ver a vida mais colorida e enxergar o potencial das pessoas.
Por todos os lugares onde passei, sei que ficou um pouquinho desse amor puro que desenvolvi pela arte. E o carinho das pessoas, o amor de minhas alunas inunda meu coração de força para continuar.
Eu sou completamente doida, apaixonada por minhas alunas. Somos uma família, e a cada dia aprendemos a respeitar um pouco mais a nós mesmas e nossos familiares.
Para mim a dança é uma linguagem não verbal, conversamos sem dizer uma palavra, é expressão, é sentimento, é força, é doçura, é beleza, feminilidade. É a face mais clara e pura do que é ser mulher.
Costumo dividir a dança em fases, onde primeiro aprendemos os passos, depois aprendemos a misturar uma coisa na outra, depois aprendemos a colocar tudo isso na música na hora certa, e então chega o momento mais importante que é colocar suas características particulares na dança, sua expressão seus olhos, seu sorriso. É realmente algo mágico. E a dança não é uma prática para poucos meses, é sim, algo para a vida toda, pois nunca paramos de aprender de desenvolver nossas habilidades, de conhecer a nós mesmas em diferentes fases de nossas vidas.
Para mim, Dançar é além de tudo isso, um ato de agradecimento à vida e às Forças Superiores.


5) Como foi a experiência de dançar e ministrar workshop no País de Gales?
Foi uma época excelente em minha vida, conheci pessoas do mundo todo lá em Cardiff Walles (que fica a 2h de Londres) onde permaneci 2 meses. Foi muito bom, dei aulas, dancei muito em festas e em uma rede de Restaurantes Mezza Lunna de um árabe chamado Nawfal. Mas voltei com a certeza de que não quero deixar o trabalho que iniciei aqui no Brasil. Ir para o exterior é uma boa experiência, mas no meu caso que já estou completamente "enraizada"  fica difícil estar por muito tempo fora, a não ser com viagens rápidas.
Tenho contato com alunas de lá inclusive uma maravilhosa grega chamada Fiora, que fiquei apaixonada por sua dança, dei muitas aulas particulares para a mesma. Foi uma experiência única.


6) Quais as bailarinas que você mais admira?
Nossa! Eu gosto e admiro tantas! Mas existem algumas especiais, como Najwa Fouad, Randa Kamel, Amani, Fifi Abdu, Samia e Nadia Gamal, Saida, Jillina, Amar Gamal e tantas outras.
Do Brasil adoro Lulu Sabongi, Nájua, Soraya Zaied, Carlla Sillveira, Kahina, Mayara, Malak, Juli, Nesrine, Nur, Elis, Aziza, Aysha, Polímnia Garro, Shirley Salihah (sem coméntários, uma grande amiga e companheira de trabalho), Munira, Jade, Nájua, entre tantas outras que admiro.
Bonito é entender as diferenças.


7) Que dicas você daria pra quem quer se tornar profissional da Dança do Ventre?
Tem que ser apaixonada pelo que faz.  Desenvolver humildade. Pensar grande. Estudar muito. Dar tempo ao tempo para as coisas amadurecerem. O Resto é só deixar que o Universo se encarrega de trazer as coisas e pessoas certas ao seu redor.


8) Quais características deve ter uma boa bailarina de Dança do Ventre?
Uma boa bailarina no meu conceito é segura, firme, mas sabe se curvar e ser grata. É a flexibilidade que leva todo artista ao topo.  Humildade e auto confiança. Dedicação e perseverança. Paciência e Disciplina e Amor acima de tudo.

Conheça mais esta maravilhosa bailarina assistindo aos vídeos abaixo:
Dançando na Khan El KhaliliDim lights Embed 

Em um show árabe em Araraquara com o grupo do cantor Jihad Smaili!
Dim lights Embed 

Dançando um solo de derbak em Araraquara.
Dim lights Embed 

Na 3a Mostra de Danças Árabes em São José dos Campos- SP.
Dim lights Embed 

Solo de Derbak no Festival 2006 do Núcleo de Dança Juliana Marconato.
Dim lights Embed 

3a Mostra de Danças Árabes de São José dos Campos.
Dim lights Embed 

    Escrito por Mariana Lolato para Central de  Dança do Ventre

Nenhum comentário:

Postar um comentário