quinta-feira, 10 de março de 2011


Samia Gamal

“Se há alguma coisa que podemos aprender com Samia Gamal, é a “arte do flirt” durante a dança”, afirma Lulu Sabongi. Se você passar algumas horas pesquisando vídeos da bailarina egípcia com certeza reconhecerá esta característica. Zainab Ibrahim Mahfuz nasceu no vilarejo de Wana, em 1924. Assim como outras bailarinas, mudou-se para o Cairo e, anos mais tarde, foi convidada para participar da casa de Badia Masabni. Lá, teve aulas com Jacque, uma professora muito importante e famosa.

Recebeu formação em jazz, ballet, dança contemporânea, moderna e, claro, na dança do ventre. Nesta época, conheceu Tahia Carioca, já conhecida no Egito, e daí surgiu uma amizade que duraria a vida toda. Da companheira profissional incorporou giros e deslocamentos do balé, além da influência da dança e música latina. Foi Badia quem a batizou de Samia Gamal.
Mitos e verdades
Samia Gamal é charmosa. O motivo? Está ali em cima, na primeira frase. A bailarina egípcia é famosa pelo olhar sensual, expressivo e penetrante. Não é à toa que no filme “Zannoubia”, o personagem fica completamente hipnotizado por sua dança. Os efeitos especiais da cena só enfatizam a característica. Não faz movimentos exagerados e grandes, faz arabesques e giros. Diferente de outras bailarinas egípcias, utiliza muito os braços.

Hossam Hamzy conta, em um artigo muito interessante sobre a bailarina (em inglês), que ela introduziu o hábito de dançar descalça, antes dela era normal utilizar saltos em espetáculos. Na verdade, tudo começou quando um dos seus sapatos saiu do pé, ou quebrou o salto durante uma apresentação. Ela logo se desvencilhou do outro e continuou com graça, sendo muito aplaudida pela plateia. Dizem que o último rei egípcio, Farouk, afirmou que Samia era a “Bailarina Nacional do Egito”, mas o músico Hossam afirma que a história não passa de um mito e que o rei nunca proclamou publicamente um gosto especial por uma das bailarinas. Afirma-se que Samia utilizava muito o véu em sua dança. Aparentemente, é resultado do treinamento que recebeu da professora Jacque, que usava o acessório para forçar a aluna a melhorar o trabalho com os braços.
Carreira no cinema
Assim como Tahia Carioca, também estrelou diversos filmes (cerca de 80, até o final de sua carreira). O primeiro foi “Gawhara” (1942), quando ela ainda tinha apenas 18 anos. O mais conhecido internacionalmente foi “Ali Baba e os quarenta ladrões” (1954), do diretor francês Jacques Becker. No cinema conheceu o ator e cantor Farid Al Attach, com o qual teve um romance.
Na década de 50, mudou-se para os EUA e foi uma das bailarinas pioneiras na América do Norte. Sua dança influenciou filmes e apresentações musicais nas terras norte-americanas. Quando estava com aproximadamente 50 anos afastou- se da dança, mas a aposentadoria não durou muito. Logo voltou a se apresentar e só parou definitivamente aproximadamente dez anos depois. Ela faleceu em 1994, aos 70 anos.
Fonte: Cadernos de Dança

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